domingo, 28 de fevereiro de 2010

If you take everything I've accomplished in my life and condense it down to one day, it looks decent

[Gritando no limite da voz, a cabeça se levantando e baixando militarmente]:Call of Duty, Call of Duty, Call of Duty.... [imita o som de rajadas, apontando sua air machine gun para todas as direções] Modern Warfare... 2! [liga o no-brake, espera o led piscar, liga o PS3, espera a tela inicial aparecer, escolhe o ícone do jogo, espera a tela inicial aparecer, clica em resume game, espera e encontra a si mesmo].

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Gigantic - Matt Aselton

Eu li sobre este filme na época do lançamento. Quer dizer, um pouco depois do lançamento nos EUA. Imagino que tenha sido lançado no Brasil também e que já tenha feito todo o sucesso que ele merece. A crítica que eu tinha lido trazia uma referência à música do Pixies que também se chama Gigantic -- música que quem estiver querendo baixar o filme vai acabar encontrando e baixando por engano em algum site de torrents, se a minha história se repetir.

O título da reportagem era A big big love, uma parte do refrão da música. O tema central do filme, um guri querendo adotar uma criança chinesa, se aproxima tanto do que se poderia chamar de um amor gigantesco que eu de fato fiquei surpreso com a música não estar na trilha sonora. A menos que eu tenha ficado muito distraído olhando para a Zooey Deschanel, em todo caso, a música não aparece na história. Ah, procurei um pouquinho no Google e encontrei a reportagem que eu tinha visto. Passando os olhos, agora, noto que é uma entrevista com o diretor/roteirista.

A pequena passagem engraçadinha desse filme é realmente uma pequena passagem engraçadinha. Ela acontece duas vezes com um dos caras que trabalham na loja de cama onde o Paul Dano é vendedor. Desconfortável com a sua própria presença no mundo, sem saber o que falar ou como agir, querendo manter no mais baixo nível que há toda a sua interação com as outras pessoas e, enfim, um pouco retardadamente, quando ele se dirige a alguém ele pergunta e automaticamente responde "What's up, dude? Not much." Nenhuma espera por qualquer reação dos outros, nenhum intervalo ou pausa reflexiva. A pergunta é feita e logo a resposta é emendada. Mas não é como se ele estivesse querendo ignorar qualquer coisa que a pessoa pudesse retorquir. É só o caso de um oferecimento voluntário de uma explicação que, aliás, bastaria olhar para a cara dele para alguém perceber. Fica também a teoria de que ele já tivesse se acostumado tanto a responder que nada demais estava acontecendo com ele que ele passou a presumir a mesma coisa acontecendo com os outros.

John Goodman está neste filme e a oportunidade de se apresentar um personagem grosseirão, mas de espírito perfeitamente cômico, não é perdida. Ele é o pai da Zooey e é o cara responsável por fazer o casal se conhecer, indo à loja de camas e reservando uma exuberante peça sueca que mais tarde a filha iria passar na loja para conhecer e se decidir a respeito.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

The Ricky Gervais Show Animated Series


O melhor da festa é aguardar por ela.

É a solução para quem não gostava de ficar sentado na cadeira do computador, momentaneamente suspendendo todas as outras atividades, para escutar o podcast do programa.

September - Woody Allen

http://www.impawards.com/1987/posters/september.jpg

A tendência geral de considerar os filmes mais antigos do Woody Allen como sendo soberbamente melhores do que os mais recentes, se é injusta com algumas excelentes comédias que ele lançou nos últimos anos, é também inapropriada com algumas chatices que ele produziu no passado distante. Toda vez que a Mia Farrow estava lá, pelo menos, era garantia de que umas três ou quatro cenas dela se lamuriando com a vida iriam aborrecer o espectador ao limite do insuportável, com a contaminação do resto. Essa guria pediu para nascer chata e Deus concedeu que ela assim o fosse inclusive quando ela estivesse interpretando personagens que não existem.

Uma das explicações para a preferência que se observa pelos filmes mais antigos, de toda maneira, só pode ser a participação do Woody Allen como ator, que costumava ser mais frequente. Mas neste filme aqui, nem isso acontece para dar a chance a quem está assistindo de experimentar alguns instantes de verdadeira admiração.

A história é a de uma casa afastada de Nova Iorque, onde, em regime de boa vizinhança, dois sujeitos passam o tempo todo, amigos das duas amigas que estão morando lá. A mãe e o padrasto da dona da casa estão de visita e eles dançam e bebem e conversam sobre como a filha precisa dar um jeito na vida dela. A filha é a Mia Farrow, que está apaixonada por um dos sujeitos, mas que só recebe o afeto do outro. Falta energia e tudo, no dia de uma festinha que eles tinham marcado, o que eu considerei o critério definitivo de que a coisa toda era meio um especial Malhação de férias, em que os amigos da escola viajam para a fazenda -- só que para o público tomador de vinho importado.

Uma cena eu achei bastante curiosa. Numa hora lá, jogando sinuca, o padrasto faz um discurso que é essencialmente o mesmo que o Boris faz no Whatever Works quando ele foi pedir a guria em casamento. Eles falam da neutralidade moral do universo e da sua indizível qualidade violenta. Para quem toca clarinete nas horas em que não está fazendo filmes com a Scarllet Jonhansson, até que Woody Allen se preocupa bastante com a violência que acomete o mundo, eu acho.

A referência do título é ao tempo que está chegando depois que os personagens da casa (não, não é uma Malhação para o público tomador de vinho importado, é um BBB) vão seguir cada um o seu caminho. Eles se encontram dentro da casa, ali eles também vão se perder, mas o que importa é que depois eles vão para outros lugares e o que está aguardando por eles nesses outros lugares tem valor pelo único fato de que ainda não aconteceu. E que portanto ainda não está definido. É o clássico ensinamento que todo mundo tem tentado comunicar a mim, resumido na cena em que a mãe diz que a única coisa triste é se olhar no espelho e perceber que o que está faltando é o nosso futuro.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lost Highway - David Lynch

http://www.now-movies.com/movieimg/movie1263128970.jpg

Eu deixei de terminar este filme algumas vezes. Quase sempre eu dormi no meio, um pouco cansado ou um pouco com pensamentos leves demais para aguentar a má iluminação das cenas. Também aconteceu de eu precisar sair uma vez e interromper o que eu estava fazendo. Não duvido, ainda, que algumas das vezes que eu tenha deixado de lado Lost Highway o motivo tenha sido simplesmente ver outra das coisas que agora eu coloquei no HD externo. Ou rever, para ser mais exato. Mas finalmente eu peguei tudo do começo e, dessa vez, cheguei ao fim no estado da mais perfeita vigília.

Por coincidência, hoje mesmo eu estava lendo isto aqui, sobre as formas de se reagir aos finais dos filmes do David Lynch. É um excelente post de um blog que eu tenho tentado sempre ler, lá no Apostos. Bom, para quaisquer outros assuntos sobre os quais eu precise me manifestar, acho que eu passarei a adotar mais frequentemente essa classificação de "todo mundo", de um lado, e de "todo mundo, menos quem faça alguma coisa", de outro. Aprendida essa lição geral, com uma certa vergonha eu admito que na maioria das vezes eu fico lá me perguntando o que foi que aconteceu quando os filmes dele terminam. Fico me perguntando isso apenas mentalmente, quieto. Só falo para alguém dessa minha dúvida se eu achar que a pessoa terá o suficiente bom senso de não querer discutir longamente o enredo e de fato oferecer uma explicação definitiva para o caso, pois se eu gostei ou não dos filmes do David Lynch pouco ou nada tem a ver com a circunstância de eu conseguir saber quem era aquele sujeito esquisito que apareceu de vez em quando na história e por que é que aquela mulher aparecia uma hora loira, outra hora, morena.

Reconheci, é claro, quando tocou Rammstein. Sabem, em alguns dos meus momentos de cogitação metafísica, eu atiro ao lado as minhas apostilas do Olavo, desço os óculos dos meus olhos para as minhas mãos, e andando circunspecto pelo apartamento, eu pergunto como seria possível deixar de tocar Rammstein quando você está mostrando um sujeito entrando num quarto fechado de uma casa desconhecida e lá dentro atos de bestialidade estejam sendo praticados. Ou então eu tento justificar racionalmente como alguém poderia escolher Richard Pryor para alguma coisa. A resposta a que eu chego é a de que David Lynch às vezes tem todas as intuições certas, às vezes, todas as erradas.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

The Life and Times of Tim


Uma das coisas que você pode fazer numa série de comédia é colocar uma pessoa mentindo incontrolavelmente. Em algum momento você confronta essa pessoa com a realidade e dá a ela a chance de negar sem pudor todas as acusações que lhe são feitas. Todo mundo termina desprezando a pessoa ainda mais do que já desprezava antes de se tornar conhecida uma verdade específica que ela pretendia ocultar. Aí está um velho truque que não costuma dar errado e que no caso dessa série deu muito, muito certo.

Escrevo esse post sem ter lido maiores detalhes sobre a história dessa série e das pessoas que a criaram. Sei apenas que duas temporadas estão disponíveis para download, embora eu só tenha conseguido baixar a primeira. Ela é da HBO, o que significa o uso moderado e com inteira propriedade de alguns palavrões e de uma linguagem explícita. Como a namorada do Tim, perguntando "what the fuck" quando ela vê um flash de uma reportagem do 60 Minutes apresentando o relato dele sobre a experiência de ter sido estuprado por um mendigo. Relato que ele teve que improvisar, aliás. O estupro era uma mentira e os policiais que foram enganados por essa mentira acharam que humilhar Tim publicamente seria um bom ato de vingança.

Os episódios mesmo são de alguma coisa perto de onze minutos. No torrent que eu baixei, cada arquivo tem dois episódios e totalizam o tempo normal de um programa. Provavelmente as duas histórias eram exibidas em sequência; isso se confirmando, acho, poderia explicar o sucesso que eu imagino que a série deve ter conseguido. Me lembro de uma entrevista do Michael Cera ao Letterman e me lembro dele ter dito como ele havia descoberto que escrever alguma coisa engraçada que dure mais de onze minutos era um desafio incrível.



Tim, pedindo uma promoção no trabalho e conseguindo transformar isso numa ocasião para mentir para a sua namorada. O baile de formatura ao qual ele comparecerá, com a filha do chefe, cuidadosamente se tornará uma mais inocente "black-tie function" da empresa.

Pelo que eu já pude perceber dos poucos episódios que eu já tive tempo para ver, Tim é muito mais um mentiroso induzido pelo egoísmo alheio do que pelo seu próprio senso de oportunismo. É alguém que sempre aparece pedindo para que ele invente uma história ou se comporte com extravagância, não ele que decide enganar os outros para o proveito pessoal. Se algum interesse ele tem em levar adiante essas mentiras, esse interesse é predominantemente marginal e secundário, é só o interesse em conseguir um pequeno sucesso na difícil missão de fazer a namorada e a família dela não se rebelarem de vez contra ele.




No fim, no fim, ele não é um totalmente imprestável guia moral.
 
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