segunda-feira, 30 de março de 2009

The Great Gatsby - F. Scott Fitzgerald


Notaram a falta do meu dedo enrugado segurando a capa do livro? Estou com problemas para passar a foto do celular para o computador, de modo que deixarei como ilustração para este post esta foto que eu encontrei no Google e que é, em todo caso, idêntica à da edição que eu tenho aqui. Se bem que olhando com mais calma eu noto que na minha edição, no canto inferior direito, tem uma espécie de selo amarelo e vermelho - comemorativo da 75ª edição.

Eu não li com muito cuidado o estudo que vem no posfácio. Só passei os olhos pelas notas. Valeu a pena ler algumas delas. Por exemplo, a do "old sport".  

"This defining  expression was probably taken from Fitzgerald's Great Neck acquaintance Max Gerlach, an alleged bootlegger. The connection between Gerlach and Gatsby is established by a note in Fitzgerald's scrapbooks: 'Enroute from the coast -- Here for a few days on business - How are you and the family, old Sport? Gerlach.' Almost nothing is known about Gerlach, who shot himself in 1939, when he was in the used-car business in Flushing." 

***

Hoje eu conheci um senhor que eu não tenho dúvidas em considerar como uma das pessoas que mais já viram os filmes dos livros que eu já li e que mais já leram os livros dos filmes que eu já vi. Ele me disse que nunca tinha lido TGG, mas que já tinha visto o filme e que o achava okay. Vendo agora esta cena no Youtube, pois ao filme mesmo eu nunca assisti, fico com a impressão de que a pessoa responsável pela adaptação do roteiro possivelmente encontrou o ritmo certo e que só mesmo a Mia Farrow no papel da Daisy é que estava de alguma forma errada. A Mia Farrow, aliás, quase sempre está errada quando é vista.




Gostei bastante dos jardins. Eu não tinha imaginado que eles pudessem ser tão grandes, eu acho. E já que eu estou lotando este blog com vídeos do Youtube, aí vai um dos meus prediletos. Não sei precisamente se essa gravação é dos anos 20. Senhoras e senhores, Bix Biederbecke, Clarinet Marmalade. 

domingo, 29 de março de 2009

Garden State - Zach Braff


Existem dois tipos de pessoas: as que acham que a Natalie Portman salva qualquer filme da completa hediondez e as que não acham que ela seja grande coisa. Eu acho que Garden State está numa zona de conforto entre essas duas pontas. Não é um filme para ser verdadeiramente admirado, mas é um filme que tem a sua absoluta neutralidade elevada à categoria de mais ou menos simpático por causa da Natalie. 

Door to Door - Steven Schachter


Baseado na história real de um homem acometido por uma paralisia cerebral e que decide trabalhar como vendedor de produtos. Passável. 

Napoleon Dynamite - Jared Hess


Agora nós nos lembramos que a cena final de Little Miss Sunshine não inventou nada, agora nós nos lembramos que o personagem dançando ridiculamente para uma plateia inicialmente pouco disposta a ver pessoas dançando ridiculamente, agora nós nos lembramos que dificilmente isso pode ser considerado original em matéria de deus ex machina. Quem diria, apenas dois anos antes de Little Miss Sunshine usar esse artifício para resolver todos os conflitos da trama, Napoleon Dynamite angariou votos na eleição para presidente de classe - como? - dançando uma música do Jamiroquai

A dúvida que fica é até onde no passado vai essa tradição. Afinal, qual a sua origem, quem foi o seu pioneiro? 

Alphaville, une étrange aventure de Lemmy Caution - Jean-Luc Godard

Talvez seja prejudicial ao entretenimento que se espera ter assistindo a um filme o fato de não prestar atenção na história. Dessa falta, para a minha lamentação, eu posso ser acusado em quase todos os filmes. E se é verdade que para aproveitar a maioria deles prestar atenção na história é um detalhe quase irrelevante, neste aqui a coisa fica difícil. Quer dizer, eu tenho certeza de que em algum momento foi apresentada uma suposição coerente para explicar as pessoas tentando abraçar as paredes quando uma hecatombe nuclear está acontecendo na cidade. Deve ter sido na hora em que eu estava dormindo, no entanto.

A voz entrecortada do computador Alpha 60 me fez lembrar do Ned, o dono da laringe mais destruída pelo consumo excessivo de cigarros de toda South Park. Com a diferença de que o Alpha 60 fica insistindo no fato de que nós só vivemos o presente e que o passado e o futuro não existem. Como assim o passado e o futuro não existem, velho? Não. Nem venha, nem venha com Santo Agostinho para cima de mim.

Mas não prestar muita atenção na história também tem as suas vantagens. Alguns sustos divertidos que a gente acaba tendo compensam os momentos de pura desorientação. Particularmente em relação a uma cena, eu acho, eu tive uma sorte dupla. Eu digo isso porque já tinham me passado o link da cena há alguns meses e já na época eu tinha gostado bastante. Vendo agora o momento do filme em que ela aparece, e vendo, ainda, que não era para ela fazer muito sentido mesmo, uma agradável sensação de palhaçada me invade. 



sábado, 28 de março de 2009

Important Things with Demetri Martin


Eu me lembro de ter lido no xy7htk, já há algum tempo, um elogio entusiasmado ao Demetri Martin como sendo uma espécie de alento aos que sofreram com a morte de Mitch Hedberg. E é verdade que o tipo de humor desses dois comediantes é bastante parecido, os que gostavam do Mitch com certeza indo gostar também do Demetri. O Hedberg, eu acho, talvez tivesse menos sucesso se ele chegasse a tentar um programa de TV que exigisse dele ser tão versátil como o Demetri, mas isso não é uma denúncia grave que possa ser feita contra ele. Aliás, ele tinha uma piada sobre como era injusto alguém chegar para um comediante e perguntar se ele podia fazer outras coisas.

"When you're in Hollywood and you're a comedian, everybody wants you to do other things. 'All right, you're a stand-up comedian, can you write us a script?' That's not fair. That's like if I worked hard to become a cook, and I'm a really good cook, they'd say, 'Ok, you're a cook. Can you farm?"  

Mas falando agora sobre esse novo programa, aqui estão as informações principais. Semanais e de 30 minutos, cada episódio se dedica a uma coisa que seja importante. Até agora já foram sete tópicos. A escolha do tema já foi para falar, por exemplo, sobre timing, brains, coolness e games. Demetri conta piadas, atua em sketches, canta, até desenhos em cartolina ele faz. Criou alguns personagens mais ou menos fixos, como o Homem Renascentista Da Mitri, inventor do jogo da garrafa, e o filósofo grego Demetrocles, que teria ensinado matemática a uma mulher. Como todo programa de humor aparentemente precisa fazer, Important Things também apresenta propagandas de produtos extravagantes.
 

domingo, 22 de março de 2009

Lost Horizon - Frank Capra


O disclaimer deste filme previne para uma situação que você só vai poder reconhecer como ridícula quando se deparar com ela. Antes disso, até que parece aceitável a noção de cenas inteiras você ouvindo apenas a voz dos atores, só os vendo em fotos improvisadas para ocupar o espaço deixado pelo rolo de filmagem que se deteriorou com os anos. Mas quando isso acontece no meio do filme, e em cenas totalmente irrelevantes para o desenvolvimento da trama, aí você percebe como isso fica estranho.  

No mais, eu não gostei nada dos habitantes de Shangri-La. Todos eles são esquisitos. O High Lama, que era para ser a criatura inspirada que inventou o paraíso na Terra, tem a mesma cara indignamente feia de um dos vilões de Duro de Matar que assaltam aquele grande prédio. O seu subordinado imediato é outro esquisito. Idem para a velha que se passa por jovem e engana o George.

A melhor cena do filme é a do Lord Gainsford chegando ao Embassy Club para contar como foram os últimos dez meses de caçada a Robert Conway pelas montanhas do Tibet. Começando as suas frases com polidos "gentlemen", levantando as sobrancelhas com moderação, a intervalos bebendo o uísque que um mordomo veio trazer... o velho estilo, para onde foi o velho estilo? 

Sin City - Frank Miller & Robert Rodriguez & Quentin Tarantino


Com preguiça de narrar com o mínimo de rigor e estilo uma história engraçada que aconteceu comigo e com um amigo certa vez, quando conversávamos vagamente sobre esse filme. Registro apenas os dados essenciais do ocorrido. O tempo me faz esquecer, por exemplo, o do tipo de transporte público pelo qual estávamos esperando. A ideia de uma pequena multidão ao nosso redor, no entanto, supostamente tão alheia a nós como nós a ela, essa ideia precisa ser mencionada.

Bom, lá estávamos nós conversando vagamente sobre o filme. Acho que o meu amigo já tinha visto o trailer e estava dizendo alguma coisa sobre a boa impressão causada. Eu devia estar concordando com a perspectiva do filme ser bom -- talvez por já ter lido alguma resenha elogiando a história, talvez até por meramente confiar no bom gosto do meu amigo. O que retenho muito fortemente na memória é que nenhum de nós já tinha visto de fato o filme. E parando para pensar no costume desse meu amigo de antecipar em meses as discussões sobre os filmes que ainda nem foram lançados, acho inteiramente plausível que nem nos E.U.A o filme já tivesse estreado. 

Em termos de spoiler, quero dizer, eu tenho certeza de que nós estávamos sendo perfeitamente inofensivos. Mas, sem consequências como pudessem ser os nossos comentários, aconteceu de uma mulher histérica se revoltar com a nossa falta de cuidado. Convencida de que nós estávamos revelando segredos do roteiro, ela não muito gentilmente pediu que nós nos calássemos. Exatamente de que forma eu e o meu amigo acolhemos esse pedido é outra das coisas que eu já não consigo ter certeza sobre. 

Agora, eu me pergunto que tipo de prejuízo eu poderia causar dizendo nesse filme três caras tentam destruir tudo que aparece na frente deles. Porque tendo visto ou não o filme, e só vi hoje, mais ou menos uns três anos depois daquele dia, o que eu tenho a dizer a respeito é a mesma coisa que eu já poderia ter lido na Veja: três caras tentando destruir tudo que aparece na frente deles. 

Wonder Boys - Curtis Hanson


Alugado exclusivamente para fins de reminiscência, quase que esse filme consegue atender de modo completo ao critério que eu tinha estabelecido num primeiro momento. O critério era o de pegar um filme dos anos 90 -- Wonder Boys é de 2000. 

Eu gostei de todos os ambientes em que a história se desenvolve. Leio aqui um pouco sobre como foi escolhida a cidade de Pittsburgh para as filmagens e só posso dizer que a opção foi excelente. As ruas cobertas pela neve, mas não alagadas pela chuva torrencial, são muito bonitas. E céu cinzento, pra mim, sempre foi sinal de que os compromissos do dia já tinham terminado, o mais que acontecesse já sendo formas de descanso e diversão. Formas de aventura gratuita, pelo menos. Acho que a história reforça essa minha mania. Quer dizer, não fomos apresentados ao Professor Tripp saindo de casa numa manhã fria de terça-feira para passar no banco, por exemplo. Nós só o vemos se transportando de um lugar para outro com finalidades mais ou menos recreativas - se não para ele, pelo menos para quem está vendo. 

As cenas internas, nesse ponto, não são menos tranquilizantes, se é esta a sensação que eu estou querendo dizer que eu tive. Existe um tipo bem peculiar de bagunça que só é possível numa casa espaçosa como a do Professor Tripp. Existe um tipo de palestra que só não se tornará mortalmente enfadonha se acontecer num auditório amplo e bem iluminado. E algumas refeições, que normalmente já parecem ser deliciosas só por estarem na televisão, se tornam ainda mais agradáveis quando conduzidas em restaurantes limpos, de paredes envidraçadas.

Sentados num bar e chocados com os traços feios e desajeitados de um homem que gesticulava numa outra mesa, o Professor Tripp, o Crabtree e o James praticam o que recentemente me disseram que é uma arte com nome oficial - people watching. É a melhor cena do filme.  

sábado, 21 de março de 2009

South Park - The Coon


No qual Eric Cartman sobe no terraço dos prédios e de lá observa a prostituta moribunda que se tornou a cidade de South Park: uma ótima piada para quem achou o último filme do Batman uma ótima piada.  Mas já termino. Só quero dizer mais uma coisa: que o Ledger esteve bem como Joker eu não vou negar, mas eu gostaria de ter como meu nêmesis muito mais o Professor Chaos.

Felicidades a todos nesta décima terceira temporada, é o que eu desejo. 

Lead Balloon - II

The difference between Lead Balloon and Curb Your Enthusiasm is the same difference between the british and the american versions of The Office. Both being truly excellent, one is simply a little less noisy than the other. I happen to prefer Larry David to Jack Dee and Steve Carell to Ricky Gervais, but I'm quite aware that only stupid people would feel in obligation to choose one as good and the other as bad. It does strike me as odd, however, that the first thing that pops up when you google Lead Balloon other than the Wikipedia entry is an article stating that Lead Balloon was BBC's answer to Curb Your Enthusiasm. If that is actually true, which I don't think it is, it shouldn't be taken quite so seriously, as if those people were conspiring against each other. 

I would like to explain, though, what I said about the difference between both shows being so subtle and at the same time one show not being a mere copy of the other. It's simple: it's just temper, my temper to be more precise. 

I would also like to post now this video, this Ben and Sam's song. 

segunda-feira, 16 de março de 2009

Dubliners - James Joyce


Comparativamente serião. E reformador. O antigo proprietário escreveu que o livro chega a ser boring, o que me leva mais uma vez a pensar que as pessoas que vendem livros a sebos gostam de provocar os outros com essas frases que elas deixam escritas supostamente casualmente. Mas não insistirei no que eu poderia dizer sobre isso porque eu já sei que esse assunto de rabiscar ou não as páginas de livros divide opiniões quase como um novo cisma sobre a forma correta de ler as escrituras.  O que eu acho, aliás, que é culpa das pessoas que rabiscam livros.

Eu disse que o livro é comparativamente serião, em todo caso, sabendo que os livros que eu vinha lendo não poderiam mesmo servir de parâmetro. Por isso o comparativamente serião pode ser lido como se referindo à generalidade das obras de literatura, mesmo as mais francamente naturalistas. Fiquei surpreso de não ter encontrado, por exemplo, alguém reclamando com estas palavras da "questão irlandesa". 

E o reformador? Meu deus, como Joyce estava reformador. Se alguém encontrasse com ele e perguntasse o que ele estava fazendo, a única resposta sincera que ele poderia dar seria esta: ah, velho herói, estou tentando reformar uns dublinenses que não têm a suficiente força de vontade para fugir da cidade, sabe, estou tentando ver se consigo despertar nessa gente o Kurt Russell interior. 

domingo, 15 de março de 2009

A certeza

Eu achei que ir ao Kentucky Fried Chicken me faria ter epifanias reveladoras sobre séries de TV que se passam no Sul dos E.U.A. Até as músicas que eu coloquei para tocar eram temáticas, por assim dizer. Mas não foi isso exatamente o que eu aconteceu. Quando eu me vi sentado, olhando para o meu balde de frangos empanados, por um espelho ao fundo de um sagão enorme vendo um pedaço do meu rosto em reflexo, escondido por uma parede de um grupo de adolescentes, apenas obliquamente visível desde baixo, por uma escada, eu não pensei no Earl ou no Kenny Powers. Eu pensei no Seymour. No velho e bom Seymour. No apático, distraído e ocasionalmente heróico num sentido muito específico Seymour. 

E então me veio a ideia que eu agora transmito na forma de conselho: esqueça o que Olavo de Carvalho diz sobre a pergunta que você deve se fazer se você quiser testar a unidade do real e a realidade do todo. Você não precisa se perguntar se você está mesmo onde você pensa que está e nem precisa ir confirmando as hipóteses que você for criando para responder a essa pergunta. O jeito que você tem de saber que o mundo inteiro é real e não é um fruto da sua imaginação é saber que você tem um gosto melhor. 

Blade Runner - Ridley Scott


Ainda não foi dessa vez que um filme que se passa no futuro teve como assunto principal uma coisa diferente do próprio futuro e suas variações de máquinas se voltando contra a humanidade. Massa. Eu assisto a esses filmes pensando "massa, o futuro vai acontecer e tal, as máquinas provavelmente se tornarão um pedra no nosso sapato", mas eu acho que eu gostaria de assistir a um filme que simultaneamente se passasse no futuro e que o seu assunto principal fosse intriga adolescentes. 

Flight of the Conchords



Terminei de baixar a primeira temporada inteira e não precisei de mais de um final de semana para liquidar o caso e decidir que é a melhor série nova dos últimos anos. O meu atraso em conhecer os concorrentes, é claro, poderá fazer com que eu revise essa minha declaração, mas por enquanto eu vou dizer que esses dois neozelandeses são os líderes e que na dúvida eu os manterei assim. Agora é baixar os oito episódios da segunda temporada que já foram ao ar, assim me atualizando no que existe de mais moderno em matéria de gigs que dão errado. 

O que eu gostei nessa série, eu acho, tem alguma coisa a ver com o fato dela ser quase impecável. Os sketches não parecem sketches; divertem por serem apenas minimamente artificiais e por na maior parte dos casos apresentarem uma conclusão que a maioria das pessoas que escrevem sketches simplesmente não tem paciência para escrever. As músicas são tão rudimentares que chegam ao ponto de se tornarem boas, mas não ao ponto de voltarem a ser ruins. A inépcia social, agravada por um complexo de inferioridade, é levada ao estado da perfeição.



E a maníaca da Kristen Schaal acrescenta o que às vezes prejudica as séries, que é a falta da maníaca da Kristen Schaal. Quem nunca teve uma professora de história com essa mesma cara? Eu respondo: eu. 

sábado, 14 de março de 2009

Escapismo

Doutrina segundo a qual se aperta a tecla ESC mesmo quando já não haja nada que possa ser feito para resolver o problema. 

quarta-feira, 4 de março de 2009

Eastbound & Down


Já posso anunciar umas das coisas que eu tenho a dizer sobre a Dixieland: a de que existe uma Síndrome de Tannhäuser nas séries de TV com personagens destinados a, ou oriundos dessa região. Se vocês tiverem alguma dúvida, olhem bem para esta foto. Este pedaço de estrambotismo aí um com esse mullet invasivo, esse cavanhaque cretino e uma barriga no meio, é Kenny Powers. Dá para adivinhar, não dá?, que ele está querendo se redimir e tal, talvez encontrar a luz para uma existência mais chã depois de passar uma boa temporada de luxúrias em alguma versão wasp do Castelo de Vênus (onde trovadores de talento como o atormentado Tannhäuser tinham a chance de transitar entre ninfas sibilantes de disposição voraz para a mais antiga forma de diversão se apenas eles aceitassem renunciar toda espécie de contemplação e de inclinação para uma carreira monogâmica com alguma filha de algum rei). 

O problema é que o nome do Kenny Powers não é Earl. 

Mas essa versão wasp do Castelo de Vênus, no caso do Kenny, não foi tanto um lugar místico para o qual ele pudesse ter ido. Foi, ao contrário, uma permanente rotina como astro de beisebol, algo que não é difícil de imaginar como sendo frequentemente caracterizado por ninfas sibilantes transitando num entorno muito próximo, inteiramente convidativas. 

Acho que é mesmo inevitável comparar Eastbound and Down, nova série da HBO, com My Name is Earl. A começar pelo fato das duas se passarem num recanto escondidinho do Sul dos E.U.A -- com os personagens mentally irregular e socially inept que esta circunstância necessariamente obriga os escritores a criarem --, passando pelas opções de direção -- marcada por várias cenas externas e execuções da versão do Bad Company de Black Betty --, até chegar ao elemento definitivo da Síndrome Tannhäuser: os personagens principais serem grandes idiotas entorpecidos por cavalares doses de egoísmo e buscarem fazer as pazes com o passado por meio de um rebaixamento humilhante a uma situação geral de perfeita penúria, a toda hora se sentindo almas divididas entre o bem e o mal, a toda hora se lembrando de como era legal fazer parte de um círculo algo inescrupuloso e esnobe de acquaintances e de como agora é chato ter que viver mediocremente, ordinariamente. Foi mais ou menos isso, em todo caso, que eu me lembro de ter visto na ópera de Wagner e que eu vi em My Name is Earl e que eu estou vendo em Eastbound and Down.

Espero que as minhas epifanias sobre esse assunto continuem e até aumentem quando eu conseguir me lembrar de marcar um almoço no Kentucky Fried Chicken

E eu não consegui encontrar uma foto do Will Farrell com uma peruca assim explicada: a aparência que o cabelo do Supla teria se ele deixasse crescer e alisasse como caixas de supermercado às vezes alisam. 
 
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